As veredas constituem uma fitofisionomia singular do bioma Cerrado, caracterizada por solos hidromórficos úmidos ou encharcados, funcionando como zonas de recarga do lençol freático e estabilização hídrica regional. Nessas formações, predominam o buriti (Mauritia flexuosa), espécie-chave que atua na manutenção do solo, na regulação microclimática e na provisão de alimento e abrigo para fauna. As veredas desempenham papel ecológico estratégico, funcionando como corredores de biodiversidade e como fontes perenes de água que alimentam importantes bacias hidrográficas brasileiras. Do ponto de vista social e cultural, essas formações são utilizadas tradicionalmente por comunidades locais para coleta de frutos, fibras e atividades de subsistência, além de terem forte presença no imaginário literário brasileiro.
As veredas, porém, têm sido intensamente ameaçadas pela expansão da agricultura intensiva, a pecuária extensiva e a mineração, que alteram o regime hidrológico, rebaixando os lençóis freáticos, provocando assoreamento e contaminação das águas. O secamente das áreas de recarga compromete a regeneração do buriti, reduzindo a resiliência ecológica dessas formações e levando à perda de espécies adaptadas aos ambientes alagadiços. Essas alterações implicam não apenas em redução da biodiversidade, mas também em impactos diretos sobre os serviços ecossistêmicos essenciais, como a regulação hídrica, climática e a disponibilidade de recursos para os veredeiros.
